Vê-se que o filme de Haggis é uma típica obra de argumentista, ou seja, tremendamente bem escrito e minimamente dirigido. Deixa a estória contar-se a si mesma com os seus personagens, vivendo muito do conflicto destes e, em especial do olhar bruto e sincero de Tommy Lee Jones (aproveito e deixo uma sugestão: vão ver o oscarizado Este País Não É Para Velhos dos irmãos Coen e comparem o seu olhar nesse filme com este).
Falando sobre questões jurídico-administrativas do filme, aponto a relação entre Emily Sanders (Charlize Theron) e o seu chefe Buchwald (Josh Brolin). Relação esta que não somente afectiva como também hierárquica. Emily é a subalterna e Buchwald o superior hierárquico. Quando Emily confronta o seu colega da polícia militar no fim do filme este revela-lhe a decisão de Buchwald de não interferir no assunto e das consequências que Emily sofreria caso violasse essa ordem (abertura dum processo disciplinar que levaria ao despedimento). Relembrando matéria de Organização Administrativa: o poder disciplinar como um dos poderes do superior hierárquico na relação com o subalterno.
Voltando ao aspecto cinematográfico, para concluir. Um colega e amigo falou-me do quão macabro achou o filme. Por meu lado, considero-o alarmante: um óptimo grito de atenção para o que se passa nos Estados Unidos, país desorientado (no mau sentido da palavra). É engraçado verificar o momento das eleições, da utilização repetida das palavras "mudança" e "esperança". Veremos no final do ano que novo caminho orientará esta América desesperada.
(Relembrando a sugestão, vão ver outra América despedaçada e caótica em Este País Não É Para Velhos, também com algumas notas jurídicas e muitos e bons pormenores cinematográficos.)
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