quinta-feira, 13 de março de 2008

O Direito Administrativo teve uma "infância difícil" e isso deixa "traumas" como sabemos. A Revolução Francesa marca, em grande medida, o nascimento do Direito Administrativo. O modelo francês proclamou a separação de poderes mas não em todas as suas dimensões, na medida em que atribuiu privilégios exorbitantes à Administração, não podendo esta ser perturbada pelo controlo dos tribunais. O modelo anglo-saxónico, pelo contrário, proclamou de facto a separação de poderes e, como tal, a Administração podia, e devia, ser controlada pelo poder judicial.
O filme fez-me reflectir sobre vários aspectos e questionar determinadas realidades: militares que cometeram crimes mas que não seriam julgados como cidadãos comuns, superiores a encobrir uma situação porque fazer justiça envolveria o conhecimento de verdades demasiado dolorosas para um Estado em desespero... "Quem não tem a psicanálise em dia" encarará estes problemas como meras realidades existentes. O problema é, porém, bem mais profundo. Não reflectirá ele marcas de uma Administração que tinha ou tem privilégios exorbitantes? Não estaremos perante uma situação semelhante?Militares, súbditos, superiores hierárquicos capazes de se julgar a si próprios? Em que termos se poderá falar de justiça? A corrupção evidente ao longo do filme e que perturbou a investigação de Emily Sanders (Charlize Theron) e Hank (Tommy Lee Jones) não deixa margem para dúvidas. Mas, ainda que haja, nada melhor que ver (ou rever) a parte final do filme que fala por si.

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